(Trecho de “A Viagem no Tempo”)

    Um dia normal, sol normal, vento normal. Pra variar, o tédio de sempre. Essa é minha vida. Sou John Skyers, um estudante de Engenharia com 19 anos de idade. Nunca tive problemas de notas na escola, mas nunca fui de estudar. Pra falar a verdade, não consigo estudar. Minha sorte é absorver todo conteúdo apenas vendo o professor passar ele. Foi assim minha vida inteira, e não creio que irá mudar um dia.

    O misterioso sempre me fascinou, em particular as relações do tempo. O tempo é tão relativo que penso que apenas ele é uma percepção humana por cauda de sua memória de longo prazo. Afinal, você só sabe que “passou” por que você lembra como era e vê que não é mais assim. Então acho que o tempo é apenas uma comparação da memoria humana com a vivencia humana. Nada mais. Porém algumas coisas de meu passado me fazem pensar que eu possa estar profundamente errado, ou ao menos, que não seja tao simples assim. Eu não lembro ao certo quando, mas tenho memorias de uma vida inteira dentro da minha cabeça.

    Elas aparentemente surgiram a uns 5 anos atras, digo isso por que não me recordo de saber delas antes disso. Junto com essas memorias me surgiu uma segunda consciência dentro da minha cabeça. Os mesmos ideais, tipo de pensamento e linha de raciocínio  Como se fosse um clone meu dentro de mim mesmo. As memórias são vivencia dele. Uma análise psicológica diria que eu tenho dupla personalidade. Mas não é bem isso. É como se eu tivesse alguém dentro de mim. Eu posso conversar com essa pessoa. As nossas memorias são compartilhadas e temos tudo em comum. É estranho. Muito estranho. Mas de certa forma isso me ajuda muito para tomar minhas decisões. Afinal, duas cabeças pensam melhor que uma.

    Como eu dizia, as memorias são dele. Mas como ele sou eu, é como se eu tivesse vivido isso. É uma memoria tão real e vivida, que só posso dizer que eu não vivi realmente isso, por que existem ali muito mais anos de vida do que eu tenho de idade. Assim como o local das memorias não é nenhum lugar do mundo, até onde eu sei. Isso me faz pensar o que é o tempo. Sei lá, não surge 105 anos de história dentro da sua cabeça de um dia pro outro. O cérebro humano não tem capacidade para criar isso tão rapidamente. Isso me fez interessar profundamente pelo estudo do cérebro humano.

(Próxima parte: Meu Passado)